Completando 30 anos de vida, o SBT segue em frente apostando em uma programação popular que foi a cara da emissora desde o início, em 1981.
Naquela fase, o SBT já nascia apostando em um filão: o infantil. O "Show do Bozo" foi a primeira atração da casa dedicada às crianças. O Bozo, na verdade, era uma franquia do personagem criado em 1946 nos EUA - um palhaço atrapalhado.
Os Bozos
O programa do Bozo já era transmitido pela TVS - canal carioca de Sílvio Santos - e pela paulista TV Record desde 1980. Mas já no SBT, a partir de 81, o palhaço dominaria as manhãs, permanecendo no ar até 1991.
Por baixo da fantasia do palhaço, vários atores interpretaram o personagem: Wandeco Pipoca, Luís Ricardo - que até hoje é o garoto-propaganda do carnê Tele-Sena, divulgado pelo SBT -, Arlindo Barreto - filho da atriz Márcia de Windsor, morta em 1982 -, Marcos Pajé e Décio Roberto.
E o Bozo gerou até "spin-offs". Os coadjuvantes do palhaço eram os personagens Salsi Fufu (Pedro de Lara, morto em 2007), Papai Papudo (Gilberto Fernandes, morto em 2010) e a Vovó Mafalda (Valentino Guzzo, morto em 1998). Com o fim do Bozo, nos anos 90, a Vovó Mafalda terminou encarregada de comandar os infantis matinais na emissora. Toda uma geração de crianças cresceu assistindo àquela estranha apresentadora - um homem travestido de "velhota", cujo nariz era um morango.
Mas naquela altura o Bozo e seus amigos já estavam antiquados. Com o sucesso de Xuxa Meneghel apresentando o infantil "Xou da Xuxa", na Globo, Sílvio Santos logo bolou algumas rivais para a loira gaúcha.
Assim, surgiu a baiana Mara Maravilha, que estrelava o infantil "Show Maravilha", a partir de 87. Na sequência, Sílvio contratou também a cantora mirim Simony, ex-Globo, que passou a apresentar o matinal "Do-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Simony". E a partir de 1989, entrou no ar a primeira loira infantil do SBT: Mariane.
Já na década de 90, as loiras pós-Xuxa continuaram surgindo: Eliana, que se notabilizou com seus "dedinhos", no "Bom Dia & Cia.", em 1993, programa que depois virou "Eliana & Cia."; e
Jackeline Petikovic, que também comandou o "Bom Dia & Cia.", em 1998. Praticamente todas essas apresentadoras sumiram do mapa, com exceção de Eliana - que se reinventou, abandonou o nicho infantil, foi para a Record, e retornou ao SBT, onde apresenta seu "Eliana".
Hoje, a grande aposta da casa no filão infantil é a menina Maisa, de nove anos de idade. Ela estreou no SBT aos cinco, em 2007, com o "Sábado Animado", e já teve até participação fixa no "Programa Sílvio Santos", contracenando com o patrão.
E vale lembrar a incursão de pelo menos um apresentador masculino nesse filão: Sérgio Mallandro, que comandou o infantil "Oradukapeta", entre 87 e 90.
Outra marca do SBT sempre foi a opção por programas jornalísticos extremamente populares, que falavam a linguagem da maioria do público. Acusados de serem programas "mundo cão", as críticas não impediram essas atrações de fazerem sucesso.
Já em 81, durante a tarde, Moacyr Franco liderava "O Povo na TV", que trazia reportagens sensacionalistas, denúncias de consumidores, e tinha até reza coletiva no auditório, às 18h.
"O Homem do Sapato Branco", um clássico dos anos 70 - transmitido na Bandeirantes, Record e Globo -, foi reciclado, e trouxe de volta o apresentador Jacinto Figueira Júnior, contando casos policiais e brigas matrimoniais que volta e meia terminavam em pancadaria.
Nas madrugadas de sábado para domingo, brilhava o "Comando da Madrugada", com Goulart de Andrade e seu famoso bordão "Vem Comigo!", convidando o telespectador a invadir boates de strip tease, inferninhos, funerárias, entre outros locais menos votados. Entrevistas com travestis, traficantes e anônimos também faziam parte do cardápio.
Mas nada superou o "Aqui Agora", no ar em 1991. Com repórteres de campo como Wagner Montes e Gil Gomes, o programa mostrava matérias quase assustadoras ligadas ao submundo do crime - às seis horas da tarde. Foi o precursor de programas como "Cidade Alerta", da Record, e "Brasil Urgente", da Band.
No início dos anos 90, com a ascensão da nudez feminina na TV - liderada pelas novelas da Globo e da Manchete -, o SBT decidiu também garfar esse filão.
Assim, nasceu o hilário "Cocktail", em 1991. Miéle era o apresentador. Cercado de mulheres esculturais trajando biquínis, as "garotas tim tim", Miéle comandava jogos entre homens e mulheres. Ao longo do programas, as modelos muitas vezes tiravam a parte de cima do biquíni. No encerramento, uma delas fazia strip tease total. Foi uma febre nas noites de sexta-feira.
Alguns anos depois, em 1997, as moças sedutoras migraram para o horário vespertino. O "Fantasia" era uma espécie de game show, comandado por um exército de garotas insinuantes. Entre elas a mesma Jackeline Petikovic, e até a sem-terra Débora Rodrigues.
Já em 83, ao importar a novela "Os Ricos Também Choram", a emissora conquistou boa audiência. "Chispita", também mexicana, exibida em 84, foi outro hit do SBT. O auge novelístico da casa, porém, só viria em 1991: "Carrossel" foi um estouro nacional, superando até a novela que a Globo exibia no mesmo horário: "O Dono do Mundo", de Gilberto Braga.
Da noite para o dia, pessoas de todas as idades passaram a sintonizar a simplória novela cujo roteiro mostrava os conflitos de crianças, alunos da Escola Mundial, comandados pela Professora Helena (Gabriela Rivero). A atriz veio ao Brasil e chegou a descer a rampa do Planalto, em Brasília, ao lado do então Presidente Fernando Collor de Mello.
Para encerrar, o inevitável: "Chaves". O humorístico estreou no México em 1971. Mas em nenhum lugar do mundo obteve tanto sucesso quanto no Brasil. O SBT estreou a atração em 1984. São 28 anos no ar. Todos os episódios já foram reprisados à exaustão, em todos os horários possíveis - manhã, tarde, noite, e até de madrugada.
Mesmo assim, uma legião de fãs ensandecidos continua assistindo, dizendo os diálogos de cor e salteado. "Chaves" já foi usado até para combater a concorrência da Globo - e muitas vezes venceu.
O SBT ameaçou tirar o seriado do ar em 2006, mas diante das enfurecidas reclamações do público, voltou atrás, e "Chaves" continuou.
Puxando a locomotiva da emissora, os programas de auditório também são marcas inconfundíveis do SBT. O "Programa Sílvio Santos", já entrou até para o Guiness, por ser um dos mais duradouros da TV - está no ar há mais de 40 anos, pois já era exibido com esse título na Globo, Tupi, Record e TVS.
Dentro do "Programa Sílvio Santos", diversos quadros e subprogramas marcaram época: "Roletrando", "A Porta da Esperança", "Namoro na TV", "Show de Calouros", "Qual é a Música?", entre outros.
Preparando seu sucessor, Sílvio Santos investiu inicialmente em Gugu Liberato. O apresentador estrelava o "Viva a Noite", nas noites de sábado, a partir de 1982. Depois, Gugu liderou o "Passa ou Repassa" e o "Domingo Legal" - este, criado para concorrer com o "Domingão do Faustão", da Globo. A guerra dominical era medida aos milésimos de pontos, toda semana - e Gugu venceu Faustão em inúmeras ocasiões. O "Programa do Ratinho", importado da Record, foi outro sucesso do SBT.
O reality confinava celebridades como Supla, Alexandre Frota e Bárbara Paz, nos mesmos moldes do BBB. Foi um sucesso, gerando outras edições.
E tudo isso só foi possível com a presença de Sílvio Santos à frente da emissora. A figura do apresentador permanece como um grande chamariz de audiência, e foi o combustível para alavancar programas também campeões de público, como o "Topa Tudo por Dinheiro" (1991-2001) e o "Show do Milhão" (1999-2003). O "homem do sorriso", um de seus apelidos, sempre foi a grande marca por trás de toda a programação do SBT nesses 30 anos.
Fonte Portal IG