9 de outubro de 2014

RGs de Silvio Santos, Hebe Camargo e Gugu Liberato são guardados em cofre secreto em SP

Alegando questões de segurança, a Polícia Civil de São Paulo guarda num cofre 409 identidades de artistas, celebridades, políticos e personalidades históricas que passaram pelo estado desde 1900 até os dias atuais. Os documentos, que recebem o carimbo “reservado”, estão arquivados numa espécie de armário à prova de fogo sob os cuidados do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), na capital paulista.
Levantamento feito pelo IIRGD mostra que estão catalogados no cofre 67 personalidades históricas, 128 celebridades e 214 políticos.
 
Esse reforço na proteção tem como principais objetivos evitar vazamentos de dados sigilosos e preservar a memória histórica dos famosos. Na sala climatizada, o cofre é vigiado por câmeras de monitoramento e só pode ser aberto por dois funcionários. Além deles, ninguém tem as chaves e o código de acesso ao equipamento.

Em seu acervo estão informações, vias de registros gerais (RGs), fotos, recortes de jornais e até algumas fichas criminais de pessoas famosas. Entre os rostos conhecidos, estão os dos ídolos do esporte brasileiro, Pelé e Ayrton Senna; de celebridades, como a modelo Gisele Bündchen; e inventores, como Santos Dumont.
“O instituto guarda todos os fichários desses famosos no armário-cofre, vigiado por câmeras, por questões de segurança”, disse o delegado José Brandini Jr., do IIRGD. “É para evitar o risco de que haja vazamento de informações sigilosas dessas figuras públicas, como endereços, telefones, venda de dados para revistas de celebridades, falsificações, riscos de sequestros etc.”
 
O critério para que uma pessoa tenha seus documentos levados para o cofre dos famosos é simples. "Basta ser famoso", explicou Brandini Jr. "Todas as fichas, de famosos e não famosos passam por uma triagem manual. Quando surge o nome de alguém que está na mídia, um artista e cantor, por exemplo, essa ficha é separada das demais".
De acordo com Brandini Jr. , por conta dessas medidas de proteção tomadas, o instituto nunca registrou vazamentos de informações sigilosas de famosos. “Temos muitos funcionários responsáveis por arquivamentos de fichários, então quando temos conhecimento de que algum famoso vem tirar o RG aqui, por exemplo, tomamos o cuidado de carimbar sua pasta com o 'reservado' e guardá-la no cofre.”

G1 teve autorização para visitar o "armário dos famosos" que está sob os cuidados do instituto. Durante o trabalho, a equipe de reportagem foi acompanhada constantemente por policiais. Foram permitidas imagens das fotografias, mas sem mostrar dados pessoais dos documentos, como endereços e telefones, por exemplo.
 RGs de cantores, como Fábio Júnior, na versão com rugas e na antiga, cabeludo. Sérgio Reis e o baiano Caetano Veloso, que entre outras músicas escreveu “Sampa”, também chegaram a fazer suas identidades por São Paulo.

No caso do pagodeiro Belo, estão arquivadas as fichas civil e criminal  – ele já teve passagens pela polícia por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas.
Entre as cantoras, a roqueira Rita Lee também tem sua ficha criminal – de uma passagem policial por porte de entorpecente nos anos de 1970 – guardada no setor “reservado”.  Identidades de outras divas da música, como Angela Maria e Elis Regina, integram o acervo. 

Dados dos apresentadores Silvio Santos (que aos 18 anos foi paraquedista do Exército), Hebe Camargo, Gugu Liberato, Adriane Galisteu e Ana Maria Braga são protegidos no cofre como o de outros artistas. Entre os atores estão documentos de Eva Wilma, Francisco Cuoco, Bruna Lombardi, Raul Cortez, Juca de Oliveira e Caio Blat.

O padre Marcelo Rossi não abandonou a batina nem na foto. Ela está dentro de seu fichário para tirar o RG.

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