A Record exibiu em novembro longas
reportagens com pesadas denúncias contra o HSBC. Mais do que a missão de
informar telespectadores, estavam por trás interesses comerciais da
emissora. Tanto que as denúncias cessaram neste mês, depois que o banco
enviou um emissário ao departamento comercial da Record, acertando uma
trégua.
A Record já tem fama no mercado de usar seus telejornais para agredir
grandes anunciantes que se recusam a programar campanhas publicitárias
em seus intervalos. Antes do HSBC, fez o mesmo com Itaú, Unibanco,
Santander, Coca-Cola e Wal-Mart, entre outras instituições.
O HSBC não colocou um centavo de publicidade na Record neste ano. A
represália da emissora também veio de forma administrativa. A Record
cortou o acordo que tinha com o banco para pagamento de funcionários. No
mês passado, obrigou o HSBC a desativar um posto bancário em sua sede,
na Barra Funda, em São Paulo, e a retirar todos os caixas automáticos de
lá.
O primeiro ataque da Record surgiu no começo de novembro. Em uma
reportagem de quatro minutos, a correspondente Heloísa Villela, de Nova
York, relatou que o HSBC está sendo investigado na Europa por
manipulação de taxas de câmbio. E que nos Estados Unidos já foi
condenado por "abrir as portas para traficantes e terroristas".
Na metade de novembro, outra reportagem, produzida em São Paulo,
divulgou que uma pesquisa do Procon "revela que o HSBC é o banco que
mais aumentou os juros no cheque especial". Ilustrada pelo relato de um
cliente endividado, a reportagem se espantava com a informação de que "a
taxa de cheque especial [do HSBC] disparou: saiu de 9,90% para 9,95% ao
mês" e que o banco "é um dos líderes de insatisfação de clientes".
No final de novembro, Heloísa Villela retornou com a mesma denúncia
do início do mês, sob a manchete "Autoridades da Europa investigam
esquema de fraude em um dos maiores bancos do mundo". A reportagem durou
três minutos.
Villela tomou o cuidado de trocar uma fonte da Universidade de
Columbia por uma da Universidade de Nova York, mas a reportagem repetia
informações e imagens da anterior. Até a "passagem" (quando o repórter
mostra o rosto em uma reportagem) parecia ter sido feita em frente
à mesma agência do HSBC.
Procurados pelo Notícias da TV, Record e HSBC preferiram não se manifestar.
17 de dezembro de 2013
Record usa jornalismo para atacar banco que se recusa a anunciar
11:37
Concorrência, sbt