28 de fevereiro de 2012

Patricia Abravanel: ''Silvio Santos é uma das pessoas mais conhecidas do Brasil e tenho de honrar a obra dele''


A mania de fechar os olhos ao abrir o sorrisão e soltar uma gargalhada entrega a genética. Patricia Abravanel, 34 anos, é filha de Silvio Santos, 81, começou a carreira de apresentadora em 2011 e, hoje, como apresentadora do Cante Se Puder - programa que divide o comando com o humorista Márcio Ballas, 40 - está entre as cinco maiores audiências do SBT. Ela sabe que seu pai é um dos ''reis brasileiros'', mas age como se não ocupasse um lugar na nobreza.

No Hall da Fama do SBT, há pôsteres de todos os apresentadores da emissora, mas ainda falta a foto da ''filha do patrão''. A vaga no estacionamento marcada com uma estrelinha só veio no fim do ano passado. ''Nem é na área nobre. É láaaa no canto, depois da ambulância'', diz, como quem, ao mesmo tempo, sente orgulho e acha graça da falta de privilégios. ''Não fui criada para ser a filha do Silvio Santos, mas para ter a própria personalidade, respeitar os outros, batalhar por uma carreira e fazer o bem'', completa.

A ideia de ser apresentadora veio de Silvio. A família passava férias em janeiro de 2011 na casa em Celebration, distrito da Flórida, nos Estados Unidos, dois meses depois da quebra do Banco PanAmericano, do Grupo Silvio Santos. Com a crise, os projetos nas empresas liderados por Patricia, que é formada em administração de empresas, foram engavetados e ela estava sem rumo.

"Meu pai falou: por que você não faz um teste para a televisão?'' Patricia, que nunca havia pensado em se tornar uma figura pública, fez e passou. Começou gravando merchandisings da Jequiti, empresa de cosméticos da família, apresentou o especial sobre os 30 anos do SBT e, em março, enfrentou sua prova  de fogo: dividir o palco com o apresentador mais carismáticodo Brasil no Jogo dos Pontinhos, quadro do Programa Silvio Santos. ''Antes de gravar, meu pai se reúne com a equipe, como um maestro. Mas as piadas são todas improvisadas. Já passei apertos, mas procuro me sair com espontaneidade.''

No primeiro programa, a filha de Silvio já ganhou a aprovação das colegas de trabalho. A guinada na carreira, o debute na televisão e a simpatia inabalável – mesmo ao ser questionada sobre o sequestro em 2001 – demonstram a forma com que Patricia traça seu rumo, com a bagagem que recebeu de seu pai e de sua mãe, a autora Iris Abravanel, 62. ''Nem parece que a gente já passou por um monte de situações adversas, ruins (como uma suspeita de câncer na garganta do apresentador em 1987 e a separação conturbada de Iris e Silvio entre 1992 e 1993). E damos a volta por cima, sem mágoas. Por isso, somos sempre alegres.'' E ela completa: ''Quero continuar o trabalho do meu pai''. A seguir, a entrevista com a nova estrela do SBT.

Menina exibida
''Minha mãe e minhas irmãs (ela é a quarta das seis filhas de Silvio, a segunda no casamento com Iris) sempre falaram que eu era exibida (risos). Na infância, frequentávamos a plateia do Bozo e da Mara Maravilha, ficávamos lá no meio e meu pai cortava nossas imagens do ar porque queria nos preservar. Um dia, num intervalo da Mara Maravilha, peguei o microfone e fingi ser apresentadora (risos).

Na escola, gostava de participar do Show de Talentos. Uma vez, minhas amigas e eu  interpretamos as Pink Ladies, subimos no palco, cantamos e dançamos como as atrizes do filme Grease. Sempre fui extrovertida, nunca introspectiva.''

Como uma garota de Classe média
''Meu pai sempre quis que minhas irmãs e eu levássemos uma vida de classe média. E vivemos esse cotidiano quando estamos de férias na Flórida, nos Estados Unidos, normalmente nas festas de fim de ano. Minhas irmãs e eu estudamos lá e andávamos de ônibus. Nunca tivemos regalias. Às vezes, a pessoa é tão cheia de dinheiro, de status, que perde o senso da realidade. Meus pais se preocupavam com isso. Nunca deram nada de mão beijada. Por exemplo, comecei a trabalhar aos 17 anos como vendedora de uma loja de roupas. Completei 18  anos e não ganhei um automóvel. Às vezes, eles permitiam que a gente dirigisse um carro da casa, mas era sempre o mais velho. E deixavam claro: o carro não era nosso, era da família.''

Nos passos do pai
''Sempre gostei de falar em público, mas nunca pensei em ficar em frente às câmeras. Quando trabalhava nas empresas (no Banco PanAmericano e na Jequiti Cosméticos), era eu que apresentava as reuniões. Cursei administração porque acreditava que seria a melhor forma de contribuir nas empresas da família. Então, aconteceu tudo o que aconteceu (a falência do Banco PanAmericano, no fim de 2010) e tivemos de parar com tudo. Estava em Orlando, onde a gente passa as férias. Eu estava no dilema: 'O que vou fazer agora'. E meu pai falou: 'Por que não faz um teste para a televisão?' Respondi: 'Mas vão me comparar com você'. E ele: 'Tudo bem, deixa comparar. Você vai criar um estilo próprio e pronto'. Silvio Santos é uma das pessoas mais conhecidas do Brasil e tenho de honrar a obra dele. Quero continuar os passos do meu pai.''

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