Por trás do marketing involuntário, esconde-se também a nova cartada do SBT para capitalizar seu produto mais bem-sucedido. Desde 2011, a emissora faz alarde sobre uma leva de episódios que deixaram de ser exibidos nos anos 90 por falta de qualidade técnica. Em comunicado enviado neste ano, anunciou-se que a recuperação das fitas originais recolocaria no ar 50 episódios que estavam engavetados.
Até agora, 24 deles foram exibidos, segundo a emissora. Uma identificação no canto da tela indica qual episódio faz parte do grupo dos recuperados. Nenhum tem roteiro inédito – o próprio episódio em que a “louca da escada” aparece é um remake do manjado capítulo em que seu Madruga herda um terno do tio Jacinto. Há, no entanto, alguns clássicos, como o “Espíritos Zombeteiros”. Por estratégia, o SBT não divulga quais são os episódios e quando serão exibidos.
SUCESSO/O fuzuê em torno dos episódios perdidos retomou uma discussão que vez ou outra volta à tona: como um seriado produzido há quase 40 anos ainda é capaz de despertar tanta comoção?
“Além de ser atemporal, é um tipo de humor que atinge todas as idades”, opina Luís Joly, autor do livro “Chaves – Foi Sem Querer Querendo” (Editora Matrix), que conta casos curiosos sobre a produção.
Uma das histórias registradas na obra é sobre a aquisição do “Chaves” pelo SBT, em 1981. Reza a lenda que Silvio Santos teria “esnobado” o humorístico incluído dentro de um pacote de novelas da rede mexicana Televisa. Assim, o programa só estrearia em 1984 – para nunca mais sair do ar. Já são 27 anos de exibição ininterruptos, o programa mais duradouro da emissora. Hoje, “Chaves” fica no ar 14 horas semanais. O custo é quase zero, ainda mais se considerado o resultado no Ibope. São seis pontos de média na exibição diária noturna, maior do que a audiência da novela “Amor e Revolução”, que custou R$ 3 milhões. Um verdadeiro negócio do México.