28 de setembro de 2011

Luiz Sebastião Sandoval ex braço direito de Silvio Santos, lança livro e faz revelações sobre o SBT.

Luiz Sebastião Sandoval, que comandou o Grupo Silvio Santos por 28 anos, resolveu abrir o baú. No livro ‘Aprendi Fazendo’ (Geração Editorial, 224 páginas, R$ 29,90), ele conta sua trajetória na holding, revela bastidores da quebra do Banco PanAmericano e ainda critica a administração do SBT. Para o ex-braço-direito de Silvio Santos, a emissora perdeu a vice-liderança para a Record em 2009 porque não fez as mudanças necessárias na programação, entre elas investir em novelas. “Faltou ousadia”, afirma o executivo.

Sem rodeios, Sandoval diz que o SBT perdeu o bonde da história no início dos anos 2000, quando deixou escapar o diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que havia saído do cargo de vice-presidente de Operações da Globo para atuar como consultor até 2001. “Depois de muita negociação, assinamos contrato com Boni. Mas num encontro, Silvio disse assim: ‘Sabe, Boni, acho que não dará certo. Quem decide a programação sou eu, não vou deixá-lo trabalhar direito. Então, é melhor rasgarmos o contrato’. E o contrato foi rasgado”, conta.

SUCESSIVOS ERROS
Segundo o executivo, decisões equivocadas, como o fechamento do núcleo de teledramaturgia várias vezes, contribuíram para que o SBT perdesse terreno para a concorrência. “Compramos produções mexicanas da Televisa, que até deram audiência, mas não faturavam”, destaca.

Outro problema apontado por Sandoval é a ausência de um diretor artístico desde a morte de Eduardo Lafon, há 11 anos. Ele acha que Daniela Beyruti, filha de Silvio e atual diretora artística e de programação, ainda é verde para o cargo. “Quem dirige artisticamente a emissora é o Silvio. Daniela é preparada, mas não tem a ‘expertise’ do pai, não tem dom para isso”, diz.

A maior tristeza do líder empresarial foi o rombo de R$ 2,5 bilhões no Banco PanAmericano. Ele garante que não sabia da fraude. “Fomos traídos, eu e Silvio. O presidente do banco (Rafael Paladino, primo da mulher de Silvio) era homem de confiança dele”, desabafa.

Sandoval, 67, pediu demissão em dezembro passado por discordar do patrão, que resolveu fechar e vender empresas do grupo como o Baú. “Estaria me violentando se fizesse isso, destruindo uma obra que ajudei a construir”, explica ele, que se dedica a dar palestras e será presidente da ZX Auto, montadora chinesa que está se instalando em Goiânia.

US$ 1 milhão jogado no lixo
Luiz Sandoval narra no livro como Silvio Santos convenceu João Havelange, então presidente da CBF, e Nascimento Brito a desistirem da compra da Record. Na época, o apresentador era sócio da família Machado de Carvalho.

“Silvio falou das dificuldades de uma TV, dando a entender que era um péssimo negócio. Então, rasgou na frente deles o cheque de 1 milhão de dólares que eles tinham dado como sinal. Sabia da sinceridade do Silvio, mas fiquei estarrecido”, conta.

Sandoval assumiu a presidência do grupo em 1982. O convite foi feito por Silvio quando o advogado o levava de carro para uma audiência. “Tivemos muitas brigas, ele me mandou embora cinco vezes. Mas a amizade continua”, afirma ele, que recebeu elogios do ex-patrão pelo livro.

CINCO PASSOS PARA O SUCESSO

SER EMPREENDEDOR
Para Luiz Sandoval, o primeiro passo para montar um negócio e se tornar bem-sucedido é perguntar: “Aonde quero chegar?”.

COMO FAZER
“Para chegar lá, o empresário tem que se cercar de pessoas competentes e fazer um plano de negócio”.

PERSEVERAR
“Nem tudo acontece como a gente prevê, não pode desistir. Quem desiste diante de um insucesso não chega a lugar algum”.

RECONHECIMENTO
“Tem que reconhecer o trabalho das pessoas, para mantê-las motivadas”.

COMEMORAR
“É fundamental festejar ao alcançar cada vitória, soltar rojões, mostrar euforia, contagiar a equipe”.


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