Para o novelista Tiago Santiago, autor de "Amor e revolução", novela do SBT que estreia em 5 de abril, terça-feira, às 22h15, o momento não poderia ser mais propício ao tema.
Em coletiva de imprensa realizada no Espaço Maria Antônia, antiga sede da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, local onde estudantes da USP e do Mackenzie se enfrentaram em 1968, Ele citou os protestos nos países árabes e o debate no Brasil para a criação da Comissão da Verdade, que investigaria crimes cometidos durante a ditadura militar, acreditando que estes acontecimentos dão atualidade à sua trama, ambientada no Rio de Janeiro e em São Paulo nos anos de chumbo, entre 1964 e 1972.
_ Não esperava que a novela estrearia em um momento tão propício_ afirmou o autor, lembrando que a ideia de escrever sobre o período da ditadura militar surgiu em 1995.
Já a diretora-geral do SBT, Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos, disse que não queria concorrer com o "Big Brother Brasil 11", reality show da TV Globo, por isso optou por estrear após o fim dessa edição do reality show da TV Globo. Daniela e Tiago comemoraram o fato da novela ser gravada enquanto é exibida, o que permite mudanças de rumo caso a trama não esteja agradando. O novelista já escreveu 40 capítulos. O diretor Reynaldo Boury gravou 25. A princípio "Amor e revolução" terá 180 capítulos.
_ Meu plano é chegar até a época da guerrilha do Araguaia. Mas se a novela for um sucesso, podemos estendê-la - completou Santiago.
A trama central de "Amor e revolução" é uma espécie de "Romeu e Julieta": a lider estudantil e depois guerrilheira Maria Paixão (Graziela Schmitt) se apaixona pelo militar José Guerra (Claudio Lins), um general da inteligência. Lúcia Veríssimo e Licurgo Spínola são coprotagonistas, interpretando o casal de guerrilheiros que vive na cladestinidade Jandira e Batistelli. Na repressão política estão os vilões: o delegado Aranha (Jayme Periard), o inspetor Fritz (Ernando Tiago), o major Filinto (Nico Puig) e o general Lobo Guerra (Reinaldo Gonzaga).
_ Mesmo tratando com realismo de um momento de nossa história recente, a trama segue os cânones da telenovela, com grandes histórias de amor. Todos os personagens são fictícios _ diz Santiago, que tem recebido emails e queixas no Twitter de movimentos da direita.
A mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel que comandou o DOI-Codi em São Paulo, de 1970 a 1974, encaminhou emails a Santiago temendo que a novela seja tendenciosa. O novelista e o diretor convidaram Ustra a dar um depoimento, mas o militar recusou. Cada final de capítulo terá um depoimento de 1 a 3 minutos de alguém cuja história esteja direta ou indiretamente ligada à ditadura.
_ Temos 70 depoimentos gravados, todos de esquerda. Estamos abertos a todos os segmentos políticos e ideolígicos _ disse Boury.
Fonte: O Globo Online