14 de março de 2011

Catarinense grava depoimento para Amor e Revolução

A primeira trama brasileira ambientada totalmente na época da ditadura militar será realizada pelo SBT. E, terá no meio do folhetim, Derlei Catarina De Luca. A catarinense de Içara foi convidada pela emissora de Silvio Santos a gravar um depoimento sobre o período que viveu de 1969 e 1970. Nos estúdios em Anhanguera, em São Paulo, deixou mais de uma hora de vídeo sobre a trajetória de luta aos 20 anos de idade. Desde então, tem também servido de consultora para o escritor Tiago Santiago.

"Contei a eles alguns dos detalhes sobre a prisão e deixei uma cópia do meu livro devidamente autorizada para o uso na novela", destaca em referência a publicação "No corpo e na alma". O material em vídeo com retalhos da própria história deverão ser utilizados no final de um dos capítulos da novela Amor e Revolução. O mesmo acontecerá com sobreviventes que estiveram envolvidos na resistência ao Governo.

Com previsão para iniciar em abril, o folhetim será protagonizado por Graziela Schmitt e Claudio Lins, respectivamente, Maria Paixão e José Guerra. Conforme já divulgado pela emissora, no primeiro episódio o par romântico já será perseguido durante uma reunião da União Nacional dos Estudantes (UNE). Ainda integram o elenco os atores Lúcia Veríssimo, Patrícia de Sabrit, Luciana Vendramini e Licurgo Spínola. Numa releitura dos anos de chumbo, os atores foram treinados para o manejo de armas por Sérgio Farjalla Jr., o mesmo preparador filme Tropa de Elite.

Com relação a passagem pelo complexo do SBT, Derlei conta que teve tratamento de artista. Ao ser conduzida do aeroporto até o set de filmagens, foi inclusive cumprimentada e confundida com celebridades televisivas. De fora dos holofotes dos canais de TV, a içarense não é conhecida popularmente. Mas, figura em âmbito nacional e, por isso, recebeu o convite.


Perfil de Derlei Catarina de Luca:
Derlei nasceu em Içara, SC, em 1946. Estudou na UFSC e na Universidade do Oriente, em Cuba. Durante a ditadura militar, Derlei palmilhou experiências que poucas pessoas tiveram ocasião de vivenciar. Estudou, preparou comícios, organizou manifestações, amou, lutou, foi presa, torturada, sobreviveu física, moral e politicamente, exilou-se em Cuba. Fundou e coordena o Comitê Catarinense Pró Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos. Militante do grupo Tortura Nunca Mais. Ocupa a cadeira n. 1 da Academia Criciumense de Letras. Trabalhou durante 25 anos na APAE de Içara. Em 2001 recebeu da Assembléia Legislativa do Estado, a medalha Antonieta de Barros. Foi professora em vários colégios no sul do estado catarinense. É secretária do Comitato Veneto de SC, e do Fórum Permanente Ítalo-Brasileiro da ALESC. Atualmente participa do grupo nacional que busca desaparecidos da ditadura. Além disso, está entre as 20 pessoas com o qual o Governo Federal debate sobre o próprio passado.

SBT Pédia

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