12 de janeiro de 2011

Dos filhos deste solo: Conheça a história de Adriano Fonseca Filho morto na época da ditadura


Como todos nós já sabemos a próxima novela de Tiago Santiago no SBT, “Amor e Revolução”, se passará no período da ditadura militar, e foi pensando nisso que o Blog SBT FÃ preparou uma série de reportagens que contará estórias de pessoas que foram mortas lutando pelos seus ideais lutando pelo seu livre direito de expressão em uma época que calar era a garantia de vida de qualquer cidadão.
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Militante do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B), Adriano Fonseca Filho nasceu em Ponte Nova, MG, no dia 18 de dezembro de 1945, filho de Adriano Fonseca e de Zely Eustáquio Fonseca.

Desaparecido em 28 ou 29 de novembro de 1973. Era o segundo de cinco irmãos em uma família presbiteriana, fez o curso primário numa escola particular de Ponte Nova e, aos 10 anos, transferiu-se para o Colégio Batista, em Belo Horizonte, MG, para fazer o curso ginasial como aluno interno. Posteriormente, mudou-se para Lavras, no mesmo estado, onde fez o curso científico, no Instituto Gammon, também em regime de internato. 

Muito ligado à música, Adriano estudava e tocava piano desde os 5 anos. Aos 17 anos terminou o curso científico em Lavras, transferindo-se, então, para o Rio de Janeiro. Aluno brilhante do curso primário ao científico, tirava sempre os primeiros lugares nas escolas por onde passou.

Depois que se mudou para o Rio, suas idas ficaram mais escassas. Escrevia raramente para a mãe. Os irmãos acreditavam que ele desenvolvesse alguma ação política pois, como Adriano gostava muito de ler e de estudar filosofia, quando ia a Ponte Nova levava livros para os irmãos e os orientava.

Pouco depois da morte de Edson Luís de Lima Souto, no Restaurante Calabouço em 1968, no Rio de Janeiro, Adriano foi para Ponte Nova onde ficou por seis meses com a família.

Nos períodos de férias que passava em Ponte Nova, estreitava sua amizade com o compositor e cantor João Bosco. Adriano era também muito ligado às artes plásticas, gostava de pintar e, principalmente, fazer gravuras. Era um homem muito atraente, fino e elegante.

Deve ter ido para o Rio de Janeiro por volta de 1967/1968, indo morar num apartamento em Ipanema, a "república" dos intelectuais, escritores e artistas. Trabalhou no Superior Tribunal Eleitoral (STE) e se dedicou ao teatro, encenando e escrevendo peças teatrais. Uma das peças em que atuou como ator foi encenada no Teatro Tereza Rachel, na Praça Cardeal Arcoverde. Adriano estudou no cursinho pré-vestibular do Centro Acadêmico "Edson Luís" (CAEL) em 1968 e, nesse período, iniciou sua participação no movimento estudantil em luta por aumento de vagas nas universidades.

Adriano foi aprovado no vestibular no final de 1968, iniciando o curso de Filosofia em 1969. Ainda no primeiro semestre de 1969, começou sua militância política no Partido Comunista do Brasil (PC do B). Participou ativamente do movimento estudantil e, em 1970, após a edição do Ato Institucional n. 5 (AI-5), com a intensificação da repressão foi obrigado a entrar para a clandestinidade. Nesse período, foi morar num sótão, em um prédio antigo no Leblon com Ronald de Oliveira Rocha, seu companheiro de organização. Aí viveu durante um ano e meio. Segundo depoimento de Ronald e Myriam, que foram muito ligados a Adriano, ele era uma pessoa muito meiga, educada e amiga. Pessoa combativa que se dedicava por inteiro ao que acreditava. Adriano era um idealista, um humanista e sua dedicação ao Partido vinha de um vínculo profundo com a luta popular e os ideais revolucionários.

No final de 1970, início de 1971, participou da Comissão Organizadora da Juventude Patriótica, movimento de frente única de jovens, criado por iniciativa do PC do B. Já nessa época abandonou o emprego devido a questões de segurança, por já estar vivendo como clandestino. Foi então que se colocou à disposição do PC do B para fazer um trabalho especial no campo. Em função disso, foi destacado para ir para o Araguaia, indo viver na região da Gameleira, incorporando-se ao Destacamento B, cujo comandante era Osvaldo Orlando da Costa. Adriano Fonseca Filho foi ferido em combate no dia 28 ou 29 de novembro de 1973, próximo à grota do Nascimento, estando desaparecido desde então.

O Relatório do Ministério da Marinha diz que ele foi "morto na região do Araguaia em 3 de dezembro de 1973".

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