O primeiro contato para começar a matéria de Tráfico de Crianças foi com o Ministério Público para saber se já havia alguma investigação em andamento. Paralelamente, começamos a buscar em sites de relacionamentos comunidades sobre o tema.
A primeira observação foi sobre a existência de "olheiros", ou seja, quem ajuda os aliciadores a encontrar novos "clientes".
O contato, com o apoio do Gaeco, aconteceu após uma semana com uma dessas olheiras. A aliciadora nos respondeu ainda no site de relacionamentos, e partimos para o primeiro encontro.
Com uma microcâmera nossa produção formou um casal, mas o contato seria feito principalmente por uma "amiga" da família interessada em adotar a criança. Logo depois do encontro com a aliciadora, o mecanismo usado pelo grupo ficou mais claro: ele atuava em outros Estados, nesse caso no interior da Bahia.
O esquema era simples: a aliciadora mantinha contato com os "clientes" para ganhar confiança. Enquanto isso, na Bahia, uma outra pessoa se encarregava de encontrar uma grávida para convence-la a ceder o filho em troca de pequenas quantias em dinheiro, promessas de emprego e para isso coagiam emocionalmente as mulheres.
Em São Paulo, um braço dessa organização. Um médico fazia a declaração falsa alterando a identidade da verdadeira mãe, possibilitando assim que a certidão de nascimento da criança fosse em nome dos pais adotivos, no caso nossos produtores, como se fossem os genitores.
Ao longo de 4 meses de investigação, nossa produção depositou R$ 1 mil na conta da aliciadora. Segundo ela, seria para cuidar da grávida, que nos foi apresentada em uma viagem até Encruzilhada (BA), com a vereadora da cidade - nesse encontro, ainda não havíamos comunicado às aliciadoras que eramos jornalistas.
Ainda no interior da Bahia a vereadora nos apresentou a jovem grávida, já conhecida sua do hospital onde ela trabalha como enfermeira.
Com o conhecimento do Ministério Público, todas as conversas foram gravadas. Em um segundo encontro com a vereadora, quando a questionamos sobre sua atuação no grupo de aliciadores para adoção ilegal de crianças (ato negador por ela) e assumimos a postura de jornalistas em busca de uma reportagem, constatamos com a grávida que o dinheiro depositado na conta da aliciadora nunca foi repassado para os cuidados do bebê.
Em São Paulo, Cabrini foi ao encontro da olheira, que se contradiz em relação a sua atuação no grupo de tráfico de crianças.