Atualmente à frente do “Domingo Legal” – programa que comanda desde a ida de Gugu para a Record em 2009 – , Celso Portiolli conversou com Antônia Fontenelle, em seu programa na internet, o “Na Lata”. Na entrevista, o apresentador falou sobre o início da carreira no rádio, a trajetória no SBT, e os problemas que enfrentou na emissora, onde já está há vinte anos.
Bem humorado, Portiolli iniciou a conversa respondendo a afirmação de Fontenelle de que ele é um dos maiores comunicadores do país: “Somente pela altura”, brincou o apresentador. O titular do “Domingo Legal” contou que a paixão por rádio teve início quando ele começou a gravar as matérias da escola no radinho, e de repente, passou a imitar os locutores e se interessou por rádio.
Questionado pela apresentadora se a Globo já o assediou, Portiolli revelou que o diretor Roberto Talma – falecido há pouco mais de um mês – fez uma grande proposta para ele assinar com a rede da família Marinho. “O Talma foi do SBT, fez o Colégio Brasil. Aí eu estava começando o Passa ou Repassa num belo dia, me ligou e falou: ‘Vou abrir um projeto para sábado à tarde, para depois ir para o domingo, e você é o cara’. Eu ganhava X e ele me ofereceu, de cara, dez X. E, de luva, cem X. Fiquei louco. Falei que, com essa grana, eu ia. Só tinha um detalhe: não falar para ninguém, pois o SBT estava o liberando de uma multa de R$ 5 milhões. Eu tinha uma multa de R$ 100 mil — e ele disse que ia pagar do próprio bolso”, conta ele.
Em seguida, o apresentador falou sobre um desentendimento com Silvio Santos, e que ficou chateado com o patrão. “O Silvio quer falar com você. Quando eu fui no camarim dele, na verdade eles queriam moralizar aquela história de não entrar em qualquer estúdio enquanto artista está gravando. Mandaram segurança embora na minha frente, foi o maior escândalo. Fui embora do SBT chorando, fiquei muito chateado. Fiz uma viagem e depois marquei uma reunião com o Silvio e disse que estava com uma proposta da Globo. E ele perguntou: ‘Mas quem é que está te contratando?'”, disse Portiolli imitando Silvio. “Eu não posso falar agora, mas daqui uma semana eu te falo quem é. Silvio ameaçou ligar para Roberto Marinho. Pra não ferrar o Roberto Talma, eu não disse nada para ele. Uma semana depois ele me chamou na presidência e disse que eu estava blefando. Mas disse que ia cobrir a oferta. Eu, encantado com tudo, fiquei no SBT e assinei com ele. Aí comecei a comer o pão que o diabo amassou”, disse Celso, caindo no riso.
O titular do “Domingo Legal” também relatou sobre a época em que passou na “geladeira”, e teve seu salário diminuído, e contou que sofreu demais. “O Silvio diminuiu o meu salário, me colocou na geladeira. Mas eu o entendo. Na visão dele era um moleque de 30 e poucos anos, ganhando bem, sem pressa de estourar. Ele não precisava de mim. Só depois fui entender que ele estava me ensinando muita coisa, a ser mais homem, ser mais humilde, respeitar os outros profissionais. Hoje sou um cara polido pelos gestos do Silvio Santos. Hoje sofro menos na vida porque ele me ensinou a bater a cara no muro e levantar a cabeça. Me ensinou muito, mas sofri demais”.
“Quando cheguei no SBT, substituí a Angélica. Depois substituí a Galisteu, o Silvio Santos. Todo programa que pegava dava certo. Quando o Gugu saiu, eu estava preparado para sair do SBT antes dele, mas sem proposta! O Silvio me chamou de novo e disse que tinha alguns nomes para apresentar o ‘Domingo Legal’, mas que mudaria de horário. Falei que não ia topar e que ia sair do SBT. Se o programa não desse certo, ia para o sábado. Neste dia não ia ter faturamento e ia sair do ar. Ia ficar mal com minha saúde. O Silvio me perguntou para onde eu ia. Respondi que não tinha proposta. Ele disse que não ia dar certo. Aí ele me perguntou se era por causa do dinheiro e respondi que nunca tinha pedido um aumento. Ele é quem me dava o aumento. Disse que era por causa de saúde. Aí ele me disse, como amigo, que se saísse seria a pior coisa que faria na minha carreira. Disse que me daria o melhor programa, com a melhor equipe, o melhor diretor, e ele disse que o Márcio Garcia estava encostado na Globo, a Record tinha o Gugu e perguntou para onde eu iria. Então ouvi a proposta. Ouvir isso do Silvio Santos era porque estava certo. Ele disse que se não desse certo me daria um outro programa de domingo. E se não desse certo, voltaríamos a conversar. Entrei no ar sem medo. Conheço todo mundo do SBT, estava todo mundo torcendo. Entrei no ar fora de forma, porque aquele programa não era meu, mas hoje já não tem mais aquela cara”, relembra quando o assumiu o “Domingo Legal”, em 2009.